Eu? Treinador? O Lula achou que sim.

Era 1962. O Santos iria jogar contra o Deportivo Municipal de La Paz, pela Taça Libertadores da América. O Lula não poderia comandar o time na Bolívia pois estava com problemas no coração. Ele me chamou e disse que eu seria o responsável pela equipe.
O primeiro tempo acabou e nós estávamos perdendo. Fiz uma modificação. Coloquei o Tite na meia direita e deu certo. Nós ganhamos por 4 a 3 com um gol dele. Na volta todos brincavam chamando-me de Lulinha.

É isso! No ano em que o Santos foi campeão da Taça Libertadores da América, frente ao Penharol, além de atuar como jogador estreiei como treinador. Experiência para poucos!

Grandes goleiros!

Nesse último jogo do Brasil contra o Paraguai o goleiro adversário foi a estrela do espetáculo. Em 1956, Brasil e Paraguai jogaram em Assunção. O goleiro do Brasil chamava-se Veludo. E acabou com o jogo! Brasil 2 x 0.
Veludo era bom demais, jogava muito. Chegou a atuar no Santos mas na época do jogo a que me refiro era atletado Fluminense. Apesar de ser considerado reserva do Castilho, se revezavam no gol. Alguns diziam que se o Veludo estivesse no gol na Copa de 1954, quando perdemos para a Hungria, o resultado teria sido outro. Outros reclamavam que ele não jogava tantas vezes quanto deveria.  O fato é que ele era bom demais.
O Brasil sempre teve grandes goleiros. O Castilho foi um excepcional goleiro. Barbosa foi um espetáculo! Mas um deles me impressionou quando era adolescente. Morava em Belo Horizonte e não perdia jogos. Em meados da década de 1940 fui assistir Palmeiras e América Mineiro, um dia à noite, no campo do Atlético Mineiro. em certo momento, na pequena área, um jogador do América chutou de virada e o goleiro do Palmeiras, Oberdan Catani, defendeu com uma mão só. Quando eu vi não acreditei! Você acreditaria?
 Ao final do jogo, ainda incrédulo, perguntei para os que estavam ao meu lado se aquilo tinha mesmo acontecido ou se a iluminação ruim havia me enganado. Eles confirmaram que ele tinha defendido com uma mão só.
Ele era bom demais...
Em breve falarei de outros goleiros. Gilmar, abraço companheiro!

Maracanaço!

Em 16 de julho de 1950 o Uruguai ganhou a Copa do Mundo no Maracanã, contra o Brasil.
Dizem que os uruguaios treinaram falando dessa vitória nos dias anteriores ao jogo da Argentina, no último dia 16. A lembrança deve tê-los motivado bastante.
Isso me fez lembrar de um jogo do Santos, contra a Roma, em Roma. Os times entravam juntos no campo e no túnel os jogadores ficavam lado a lado. Ghiggia, ponta direita da seleção uruguaia de 1950, na época jogava na Roma. No pouco tempo que todos ali permaneceram ele nos provocou ... Maracanaço! Maracanaço! Maracanaço!
O time do Santos era um time de moleques. Aí já viu ... Acabou o primeiro tempo 5 a 0 para o Santos.
No retorno do intervalo, também no túnel, o Coutinho falou para ele que não precisava mais se preocupar... que o Santos não iria mais fazer gols... Seria só “chocolate”!!!
Dito e feito! O jogo acabou com o mesmo resultado do primeiro tempo.
Certamente a partir daquele dia o Ghiggia deve ter pensado mais antes de provocar outros brasileiros.

Brasil na Copa América 2011

Foram uma surpresa os resultados da Copa nessa última rodada. Tanto a Venezuela, quanto a Argentina e mais ainda o Brasil. O que aconteceu foi muito chato!!!
Dividirei os comentários em duas etapas. Os cento e vinte minutos e a cobrança dos pênaltis.

120 minutos
O Brasil jogou bem, melhor do que no jogo contra o Equador. Criou muitas chances de gol mas não as aproveitou. O time perdeu muitos gols, os “novos” perderam muitos gols. Neymar e Ganso tiveram atuações regulares não conseguindo se destacar como no Santos. Os jogadores, de forma geral, não atingiram o nível esperado.  O técnico do Brasil fez modificações que não se “encaixaram”.
O Paraguai jogou sempre na defensiva. Seu mérito foi ter mantido o mesmo ritmo ao longo de todo jogo. O empate ao longo de todos os períodos, 1º e 2º tempos e prorrogação, apesar das chances perdidas pelo Brasil comprova isso. Eles tiveram muito trabalho e o goleiro fez 3 ou 4 defesas muito boas e foi a melhor figura em campo.
Mas então por que jogadores, tão técnicos, perderam tantas oportunidades de gol? Eu acredito que no princípio o jogo estava fácil para as conclusões e eles confiaram muito. Porém o Paraguai manteve o seu ritmo de defesa e o goleiro jogou muito bem.
A pergunta persiste ... por que não concretizamos as jogadas?  Quando acontece isso é porque o time está nervoso, o que não me parecia o caso, ou porque está com excesso de confiança. Nunca me canso de dizer que ôba-ôba é muito perigoso. Falem o que quiserem falar, meninos não conseguem segurar o prestígio. Os jornais só falam neles, dizem que eles valem quantias astronômicas, milhões. O futuro, jogar na Europa, já é o presente.
O Brasil perdeu o jogo nos 120 minutos.

Pênaltis
Mas e o que dizer dos pênaltis? Os brasileiros reclamaram que o gramado estava soltando grama, estragado. Disseram que treinaram bastante a cobrança de pênaltis. O Brasil bateu quatro e não fez nenhum.  A pergunta que fica é “se deu certo e serve para um, por que não serve para outro?”
Eles disseram que os buracos do campo foram preenchidos com areia, mas isso não quer dizer nada. Disseram que antes do jogo molharam um pouco o gramado, mas essas ações atrapalharam a quem? Erraram os pênaltis os jogadores Elano, André Santos, Fred e o Tiago Silva pelo Brasil. Robinho nem precisou bater.
Todos erraram! Não há o que dizer, não há o que comentar, não há justificativas!

Copa América 2011: expectativas para Argentina x Uruguai e Brasil x Paraguai


Argentina x Uruguai, 16 de julho de 2011

Esse é o clássico mais antigo. Os dois times se enfrentam desde a Copa do Mundo de 1930 quando o Uruguai foi campeão.
Hoje é difícil o prognóstico para esse confronto. A Argentina tem individualmente melhores jogadores, é mais técnica. O Uruguai é força e coração, mais ainda do que a Argentina.  
Grande jogo. Grande clássico. No meu modo de entender ... a Argentina é favorita. Vale conferir!


Brasil x Paraguai, 17 de julho de 2011


No jogo contra o Equador o Brasil melhorou bastante mas não deu espetáculo. Dois foram os fatores determinantes para isso: as duas modificações feitas pelo treinador e a responsabilidade que recaiu sobre todos.
O destaque do jogo, melhor em campo, foi o atleta da Inter de Milão, Maicon. O Brasil estava lento na saída da defesa para o ataque e ele deu mais força ao time pelo lado direito, que por ali penetrou na defensiva do Equador. Alguns jogadores melhoraram a sua atuação. Neymar e Pato jogaram bem mas sem atingir o melhor nível técnico que possuem.
A perspectiva é de que o Brasil faça um bom jogo no domingo (17), porém, é bom lembrar que o Paraguai também está melhorando e vai dificultar. Espero que a seleção saia mais rápido da defesa para o ataque, ocupe mais os espaços, marque e não deixe o Paraguai jogar. Eles são lutadores, não desistem, vão incomodar.
Quem me conhece sabe que sempre acreditei que a melhor defesa é o ataque. Vamos aguardar! Não será um jogo fácil!

Santos x Palmeiras: gols especiais, duas lembranças

11 segundos

Era treinador do Santos, da equipe dos "Meninos da Vila".
Na semana do jogo contra o Palmeiras, durante o treino, me dei conta de que eles jogariam com um jogador fora de sua posição na quarta-zaga. Além do que sabia que quando o juiz dá a saída os jogadores da defesa muitas vezes estão arrumando a meia, o calção ...
Reuni os jogadores e orientei que se a bola fosse nossa iríamos surpreendê-los.
O que foi feito? Treinei a saída de bola. Medi o tempo que levaria para o Juari passar a bola para o Pita, do Pita para o Clodoaldo, do Clodoaldo para o Ailton Lira. Nesse mesmo tempo o João Paulo, Juari e NIlton Batata deveriam estar colados no quarto-zagueiro. Bola e jogadores deveriam chegar juntos.
No jogo. Saída do Santos. Os jogadores me perguntaram ... vai fazer a jogada? Respondi que claro pois para que havíamos treinado. Em 11 segundos jogadores e bola chegaram junto ao jogador. Com a pressão, ele errou, Pita dominou a bola e passou para o Juari que marcou. Gol do Santos!

Gol de juiz
Outro fato interessante em jogos contra o Palmeiras foi o gol feito pelo juiz que mal colocado, ao lado da trave, desviou uma bola para dentro do gol.
Dizem que sou contra esse juiz. Não sou contra ele! Só não gostei que ele tenha feito o gol! Gol do adversário! Se ele pelo menos tivesse feito contra ...

Argentina de Messi, Argentina de Labruna e Loustau

Argentina de Messi

A Argentina vinha de maus resultados. Sabia-se que pressão e críticas não faltariam. A Argentina porém jogou muito bem e Messi, mesmo sendo muito criticado por sua atuação nos jogos anteriores, foi aplaudido e mostrou todas as suas qualidades como melhor do mundo.
O fato do primeiro tempo ter acabado em 1 x 0 para Argentina não refletiu o que foi o jogo já que Messi colocou o Híguain na cara do gol por várias vezes. O único gol nessa etapa foi feito por Agüero que aproveitou uma rebatida do goleiro. Um a zero, resultado perigoso!
A alteração no ataque feita pelo treinador fez a Argentina jogar melhor ainda. Messi e os "garotos" transformaram a superioridade técnica em mais dois gols. Messi deu um passe para Agüero que marcou o segundo. Na sequência, também recebendo a bola de Messi, Dí Maria fecha o placar.
A Argentina mostrou que tem condições de ganhar a Copa. O time é muito bom! O Brasil terá que ganhar e é grande a minha expectativa para o jogo de hoje.

 Argentina de Labruna e Loustau

Sempre me lembro dos jogos importantes contra os times e a Seleção Argentina em que atuei. Sei de cor as escalações e os jogos.
O Santos fez uma excursão à Argentina em 1953. Jogamos pelo interior do país e na volta a Buenos Aires um dos diretores conseguiu agendar um jogo contra o River Plate, o melhor time argentino à época. Time do Perón. Era dia do trabalho e ele recebeu a delegação na Casa Rosada. Perdemos de 2 x 0. Resultado mentiroso porque nós deviamos ter perdido de mais.
No River jogavam Ángel Labruna e Félix Loustau, os melhores. Loustau jogava de meia abaixada, calção comprido. Antes do jogo comentamos e rimos das roupas que ele usava e da forma como as vestia. O Cássio era o seu marcador. No jogo ele deu um passeio. Isso marcou muito todos os jogadores.
Ali eu fiquei conhecendo o time do River. E comecei a acompanhá-los. Foi grande a minha admiração pelo futebol argentino. Dizer que os argentinos foram bons não quer dizer que os brasileiros não eram, pois nessa época meus ídolos eram Danilo Alvim, Zizinho, Jair da Rosa Pinto, Ademir Menezes, Heleno de Freitas. Porém, naquela época eles eram superiores. Falo da parte técnica que era mais apurada e que permitia que ganhassem sempre dos times do Brasil.
No Campeonato Sulamericano de 1956, no jogo Brasil e Argentina, tive o prazer de jogar contra o Labruna, marcando-o. Antes do jogo eu pensei ... vou encontrar aquele excepcional jogador. Fui tranquilo porque era muito técnico, não dava carrinho, não atrasava bola para o goleiro. A manchete do jornal "A Tribuna", de Santos, no dia seguinte dizia "Formiga anulou Labruna". Foi grande o meu contentamento!
O Brasil só conseguiu superar as equipes argentinas depois que um movimento do sindicato dos jogadores acabou fazendo com que os profissionais deixassem o país e fossem para a Colômbia e depois para a Espanha.
Hoje a Argentina não é melhor do que o Brasil. Houve época que foi. Na década de 50 eles eram! História que não pode ser esquecida!